sábado, 21 de fevereiro de 2009

Sem título é melhor.

São quase quatro horas da manhã, chove em Goiânia. Ainda assim está quente, um tanto abafado. Alguém do norte arriscaria um cobertorzinho fino. Eu não. Prefiro o lençol ainda dobrado cheirando a dia de domingo. Fato é que, privada do sono por uma forte inquietação que me trouxe a este papel, converso distraída com o tímido vento que entra pela janela semi-aberta do meu quarto, pedindo a ele que por seus passeios solitários pelas sossegadas ruas da tranquila cidade planejada, traga-me, como sopro de inspiração, a habilidade necessária para desenhar em letras os fortes traços que hoje me despertam.É, meus caros, quando lerem esse texto, provavelmente eu estarei dormindo. Perdoem-me pela indelicadeza, mas agora o momento é de insônia. Nem o vento noturno conseguiu vir em eu socorro. Escrever sobre a Lisa não é uma tarefa fácil. Entendam. Peço licença pra recorrer à memória, mas alerto: Posso cair em um saudosismo emocionalista. Estão totalmente dispensados da obrigação de ler até o fim. A Lisa lerá. E mais, sentirá exatamente igual, porque estranha e lindamente, estamos sempre na mesma freqüência.Aos que continuam atentos a esta multidão de palavras – nem tão soltas assim [mas sem muito nexo] e carregadas – em cada letrinha, acento e pingos-nos-I’s – de sentido, significado, sentimento, verdade e tudo mais, vale uma ressalva: isso tudo aqui não passa de tentativa de esboçar uma narrativa que esbarra sempre naqueles longos silêncios onde as coisas sublimes são, de fato, entendidas.Não é de hoje, aliás, é de bastante tempo que ela está na minha vida. Inegável que eu sinto muita falta daquela pirralha que, por ser um pouquinho mais velha que eu, repetidas vezes quis bancar autoridade [Você também tinha franja, ok, amiga?]. Verões cariocas passados, e, agora respirando os ares áridos do cerrado, depois de tê-la encontrado por bondade do Pai e por ironia do destino estar há milhares de quilômetros daquele abraço que me faz desejar um céu estrelado pra qualquer desconhecido, é que me noto com o coração apertado pela vontade de extrapolar e jogar na cara do mundo isso tudo que a gente vive! Que Deus me deu essa chance. Que minha vida ganha novas e mais intensas tonalidades cada vez que compartilho com ela as coisas mais rotineiras. Ah, como eu amo as nossas banalidades! Se todo o espaço que ela ocupa se resumisse a isso, eu já estaria satisfeita. Mas a nossa melodia é mais complexa, tem mais notas, é cheia de acordes!Não tornar a Lisa em texto seria negar à poesia uma personagem que vale inúmeras releituras. Incansáveis, sem duvida. E sempre inéditas, por mais contraditório que isso possa parecer. Abro agora para as reticências, talvez, melhor do que eu, elas mensurem isto que tanto me envolve e emociona, mas que escorre habilmente por entre os dedos da minha insuficiente competência narrativa.É, leitores, o sol começa a sinalizar um belo amanhecer. Mais um dia colorido pelo amor que eu dedico àquela que soube – divinamente – se fazer vital.
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Texto escrito por uma amiga mais que especial, que é tão importante na minha vida quanto alguém possa mensurar. Fico feliz só de saber que ela existe, e se importa tanto comigo.
Enfim, amo você, Aava. Como amei pouquíssimas mulheres na minha vida [Ui].

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

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Hoje deu vontade de escrever... Escrever sobre nada em especial, talvez o post nem tenha um nome, talvez eu no fim dele apague e não aperte em 'publicar postagem'. Mas eu não sei o que tem acontecido comigo, com o mundo à minha volta. Tudo tem acontecido tão rápido e tão devagar ao mesmo tempo que não consigo entender o que tá valendo, o que é pra ser levado à sério, o que pode me magoar, o que eu sei que não vai dar em nada, o que realmente vale a pena. Sempre soube que eu era uma pessoa confusa. Sempre transpareci isso seja com o que escrevo ou na hora que falo e começo a gaguejar, porque vem tanta coisa na cabeça que a fala não consegue acompanhar. Uma pessoa me disse que eu me exponho demais, que me mostro demais e que isso não é bom pra mim. Que eu sei do que é bom pra mim? Viver já me é o ápice. E é o que me basta. Não sei me medir, fato. Eu vivo demais, eu choro demais, fico feliz demais [e por pouca coisa], eu sofro demais, faço cena, dou a cara a tapa e ainda viro a outra face. Eu quero ser feliz, man! Eu busco isso a cada dia da minha vida, a cada momento que respiro, em cada lugar, cada esquina, cada rua que passo, em cada pessoa que olho, em cada olhar, cada sorriso, cada gesto e gosto. Sou desesperadamente apaixonada pela vida, por viver. Por mais que eu tenha meu tempo down, até mesmo nesse tempo o que eu faço é buscar por algo mais, é um grito desesperado de chamar atenção da vida. 'Hei! Eu tô aqui, não me passe em branco!' Cada momento é único, cada instante precioso, e cada fôlego um novo começo. é engraçado... Eu tive uma fase muito depressiva na vida, e um amigo meu esteve na mesma fase no mesmo momento que eu. O que eu podia fazer? Eu tinha que tirar forças de algum lugar por nós dois. E em uma das nossas conversas, depois dele muito se lamentar e muito choro e muita lamúria eu levantei [a gente tava num banco num parque] e falei "Cara! Na boa? Você tem que levantar da cama um dia e pensar 'porra, eu QUERO ser feliz, não aceito mais isso!' Queira ser feliz, escolha ser alegre, escolha ver o que a vida tem de bom. Põe uma musica animada, dance, faça café cantando bem alto a música, e não aceite mais isso na sua vida!" Na hora me deu um estalo. 'Comassim?' Eu tava ali, animando o cara, e acabou que eu tomei aquilo pra mim. No outro ia tava eu cantando 'Bom dia' do vander Lee, acordando todo mundo da minha casa. Não, isso não é um texto de auto-ajuda [apesar dele estar me ajudando e muito], é só um texto. E eu já nem tenho mais o quê escrever. E vou clicar nessa porra de publicar postagem sim, porque eu não fiquei gastando tempo digitando à toa. See ya, folks.

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

PaixãoQ/

Não é engraçado como ficamos quando estamos apaixonados? Não sei se você, que está lendo isso agora, vai se identificar com o texto, mais sei que a maioria concorda no quão idiota ficamos nesse estado passional. Parece que tudo lembra 'aquela' pessoa. Desde dois ratinhos fedorentos no meio da rua à poesias musicadas/escritas. Claro, tem também todo um lado bom, o lado de se sentir vivo, o lado de criar, sonhar, viver uma fantasia envolvente [ui], nessa dança infinda [pelo menos por aquele instante tão breve de paixonite]. E a gente ri à toa, se pega olhando pro nada, imaginando onde, como e com quem está o personagem de seus sonhos [mesmo sabendo muito bem onde ele está - na sua cabeça]. E a gente faz planos, sonha, se diverte criando enredos, se arruma mais, se diverte mais, se cuida mais, se gosta mais. Mas é uma coisa particular. O objeto de desejo quase sempre não passa de um coadjuvante que vem a representar um papel que nem é tão importante assim, se você parar pra pensar. Porque este não passa da personificação dos nosso desejos mais secretos, das nossas aspirações e sonhos. Ou seja, na verdade esse personagem, essa coisa que nos deixa felizes o tempo todo, que nos faz devanear no meio do dia [e nas horas mais impróprias], nada mais é do que o reflexo de nós mesmo, refletidos em alguém que nem sempre é metade do que pensamos.
Então chegamos na parte mais chata da história: A desilusão. Esse é um estado quase que inevitável, ainda mais quando se sonha alto demais. Sim, a velha história de que "quanto maior a subida, maior o tombo". E é fato. Pessoas criativas e sensíveis em geral são as que mais sofrem nesse estágio. O mundo cai [/maysa], o chão foge, a vida perde o sentido (//.-), a gente promete a si mesmo que nunca mais amará ninguém [nem preciso expôr sobre a veracidade dessa promessa]... Há quem se entregue às bebidas [desculpadecachaceiroQ/] e tem os que se fecham pro mundo [mimimis]. Mas há quem consiga superar. E o pior [ ou seria melhor? ]: Tem gente que acha esse o estágio mais bonito da paixão. O estágio da dor, onde sentimos na pele nossa humanidade, nossas limitações e enfim nossa capacidade de regeneração [que venhamos e convenhamos sempre nos surpreende].
Agora, uma opinião pessoal, posso? [claro que sim, o texto é meu ok bjs]
Eu acho horrível não pode controlar a mim mesma e o que sinto. Odeio me deixar levar e me deparar com um lado meu tão bobo, que tento esconder até de mim própria. Mas na maioria das vezes quando vi, já foi. Lá estou eu, de novo, enveredada na teia confusa da paixão.
Enfim, acho que é irremediável. A gente pensa que supera, mas não. A gente só muda de foco. Quando percebemos lá vamos nós de novo se perdendo nesse círculo vicioso, esse ciclo inacabável, essa Ciranda de Fortune que denominamos Paixão.
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-Texto inspirado em tantas conversas de dias e madrugadas a finco com Aava e Lid. Conversar com vocês é me entender melhor, é nos entender cada vez menos (6). E sim, o texto não segue regras textuais ou contextuais. "A regra é ter sintonia do inicio ao fim e ser fiel à intenção do autor."[/Aava]
(y)
E por hoje é só, beijosmeligaoumandasms.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Papel em branco.

Pegou um caderno e um lápis e sentou-se em sua escrivaninha. Olhou para o papel. Balançou a caneta entre os dedos indicador e médio. "Isso é mania de baterista" - Um dia a disseram no colégio. Que fosse. A acalmava. Fitou a folha por alguns instantes, e não sabia o que escrever. Lembrou que aquele caderno seu pai a dera há uns 2 anos atrás, quando ela começara a faculdade. Nunca teve coragem de levar o caderno pra aula. Era bem infantil. Acho que era essa a imagem que seu pai tinha, e que sempre teria: que ela seria uma enterna criança. Pais. Só mudam de endereço. Talvez devesse escrever para ele. Sim, ele sempre fora o ponto alto da sua vida, o homem que mais amara e que mais a amou na vida. Talvez o único. Que fosse o único. Ele sempre a apoiou em tudo na sua vida, mesmo nas coisas que suas mãe diziam inúteis, ele estava lá, dando o clássico tapinha nas costas e as célebres palavras de incentivo. Só conseguiu escrever umas 2 frases, mesmo assim muito pouco à altura do que ele realmente significava. Arrancou a folha do caderno, fez uma bolinha e tentou jogar no cesto. A bola quicou na borda e caiu no chão. Levantou para pegá-la, se sentiu um pouco tonta. Preferiu sentar-se de novo. Desde que descobrira sua doença, parece que os sintomas pioraram. Uma amiga uma vez a dissera que "quando a gente descobre que tá doente, os sintomas se sentem com menos peso de consciência de nos afetar". Talvez não fossem palavras tão sábias, mas que ela tinha razão, ah, isso ela tinha. Olhou para a folha nova, tentando se concentrar. Os desenhos já lhe eram mais familiares, já se identificara com as cores e formas, já pegara gosto por aquele papelzinho tão meigo e rosa, totalmente diferente dela, que sempre fora um tanto rude e muio pálida. Novamente chegara ao ponto zero. Sobre o quê escrever? Para quem escrever? Seu namorado? Aquele que a abandonou, por que não tinha forças o suficiente para a acompanhar nessa "fase difícil da vida dela"? Nunca aceitou um término tão mesquinho e egoísta. Sempre ouvira dizer que o ser-humano é assim. Sempre fora instruída a não confiar na pessoas. "Ninguém nesse mundo presta". Ouvira sua mãe dizer inúmeras vezes. E ela tinha razão. Podia ser uma fase, ou delírio da doença, mas Ana se sentia assim. Traída, mal-amada, sem um porto seguro onde pudesse aportar seu coração, sua alma, seu desejos, anseios, medo e dúvidas. A vida a traiu, lhe dando o fardo de uma doença incurável, que consumia seu corpo, que degenerava sua alma. Seus amores sempre a traíram. Não que fosse culpa deles, talvez ela depositasse confiança demais. Mas qual o sentido de estar com alguém e não poder confiar-se à ela? Por que não querer estar-se preso? Por que se segurar o tempo todo para não sonhar, para não dizer o que sente, para mostrar uma coisa que não é o que você quer realmente mostrar? Nunca gostou de joguinhos, mas sempre os fez, por peceber que isso era necessário. Homens. Mas até um bom jogador um dia cansa. E ela estava cansada disso tudo, estava cansada de tentar ser o que ela não era.
Amigos. Talvez a única coisa que tivera com sinceridade. Mas o irônico é que nunca pôde estar, conviver com esses amigos que eram tão importantes na vida dela. Nunca pôde dar um abraço no momento que precisou, nunca pôde ter as lágrimas secadas pela blusa, pela mão de um deles. Sempre ficou no nunca nas suas amizades. E sempre se fez de forte por isso. Sempre pareceu orgulhosa demais para ter fraquezas. Mas ela as tinha. Talvez mais do que o normal, mais do que pensavam. E isso pesava. Pesava não poder dividir isso com alguém. Pesava viver dessa forma. O personagem que criara para si era um fardo, era uma máscara tão bem feita, que sabia que quando tirasse seria tarde demais. Já não mais saberia o que era verdade e o que era teatro.
Ana chorou. Chorou por tudo que não viveu nessa vida. Por tudo que não poderia mais viver, que queria viver mas não tinha mais tempo. Chorou pelos disperdícios, pelas palavras não faladas [ou digitadas], pelos nãos que tanto ouvira e os que tanto dissera, pelos sentimentos que tanto se segurara para não sentir, pelas pessoas que ela nunca pôde dizer o quão importante foram na sua vida. Chorou por si própria. "Auto-piedade é a pior doença" dizia uma música. Mas doença por doença, ela preferia ficar com essa.
Agora ali, em meio à lagrimas, frio, solidão, dor, Ana esquece o papel na sua frente. O Lápis cai de sua mão, sua cabeça pesa, e a vista vai ficando escura. Seu rosto enconsta naquele papel, agora banhado de lágrimas, e os desenho manchados, pareciam criar novas cores, novas formas. Ana ri. Sabe que não vai mais conseguir escrever nada. Fecha os olhos, e respira fundo seu último fôlego, desperdiçado num pedaço de papel em branco, agora manchado.
E a única coisa que sobra de sua despedida, é aquela bolinha de papel, meio amassada, na qual, com ajuda da luz amarela de seu quarto, qualquer um poderia ler a frase:
"Pai, eu amo você. Obrigada."

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Chuva.

Era tarde, bem mais tarde que o normal. A noite avançava fria, e uma chuva fina começava a cair. Perdera a última condução e deveria andar mais 2 quarteirões do centro da cidade para pegar um alternativo. Enquanto andava, sentia o vento bater em suas pernas e rosto, fazendo seu nariz gelar e seus pêlos arrepiarem. Estava agarrada às apostilas e pastas que carregava quando debateu com aquela sombra imponente, rígida. Uma trombada de braços.
- Desculpe. - Ouviu de uma voz suave, e segura.
- Tudo bem. - Não entendeu, mas o timbre a desconcertara.
Continuou andando, segurava as pastas tão forte que elas nem se dignaram a cair quando topou com aquele cara.
O que será que ele faz? Qual será o nome dele? Do que será que ele gosta, ou quais seus medos? Estranho pra ela pensar tanta coisa sobre alguém que nem mostrara o rosto, de quem só ouvira a voz.
- Esqueça isso, Lêda. - Cochichou para si, com a voz entrecortada pelo frio que fazia seus dentes baterem.
Mas ela não estava se aguentando. Olhou para trás, mas não via mais a sombra. Decidiu voltar alguns passos e ver se a figura havia entrado numa ruela há uns 10 passos atrás. Já não se importava com o perigo de estar ali, naquele breu, sozinha e desprotegida. Chegou a ruela. Parou na entrada. Olhou várias janelas, umas com luzes abertas, outras com apenas uma luz vermelha aqui ou ali. Começou a andar em direção àquela rua, tão suja e mal-cheirosa como tantos becos do centro. Seu salto entrou num paralelepípedo. Sentiu que fosse um sinal. Apesar do medo que começara a tomar conta de seu ser, o ignorou. Continuou andando, num ritmo compassado junto ao ritmo do seu coração. Viu figuras à espreita, sombras peçonhentas. O ritmo aumentou. Deixou uma apostila cair. Não teve coragem de voltar pra pegar, não tinha coragem de olhar para trás. Já estava num beco sem saída. Não no sentido literal da palavra.
Continuava sua fuga quando se deparou com um homem, na porta de uma dessas casas que tinha a tal da luz vermelha. Será o homem que ela vira há alguns muitos minutos atrás? (sim, sua caminhada parecida ter durado horas). Criou coragem. Já estava ali mesmo, nada poderia ser pior.
- Err.. boa noite.
Ele apenas a olhou maldosamente. A partir daí ela ja tinha certeza que não era o homem da voz suave. "Ele nunca me olharia desse jeito". Por que pensou assim?
- É que estou perdida, pode me dizer o nome dessa rua?
Dizer que estava perdida foi o maior erro naquela noite. Ou ter ido atrás de um cara que nem conhece, que só ouvira pedir desculpas foi o maior? À essa altura não importava mais.
- Precisa de ajuda, é, princesa?
Aquele sorriso amarelo e escuro lhe deu um arrepio na alma. Correu. Correu tudo que pôde e um pouco mais. Chegou à uma praça. "Ufa". Era a praça onde pegaria seu alternativo. Nunca se sentira tão aliviada. Nunca respirara ar mais puro que aquele.
Entrou na van. Sentou e deixou o corpo cair sobre a poltrona, que tinha uma parte rasgada, que roçava sua coxa. Não importava. Só queria estar ali, sentir o calor de um lugar seguro.
Entrara tão afoita que nem repara na figura familiar que estava sentada do seu lado. Lendo um livro do Pessoa, e brincando com um chaveiro em forma de cão estava ele: o cara da rua, o vulto, a sombra que ela perseguira e por quem passara tanto perigo.
Seu coração começou a palpitar. Batia tão forte que qualquer um poderia ouvir. E ele ouviu. Parou de ler.
- Está tudo bem, moça? - Perguntou com um aquele timbre incofundível que viria a ecoar por tempos em sua mente.
Ela não conseguia se mexer, não sabia o que dizer. Seu coração já estava quase saltando de sua boca, suas mãos estavam trêmulas, lembrando de tudo que passara por aquela voz. Sentiu vergonha, sentiu tristeza. Tudo isso foi só carência? O que aconteceu? Por que tanto desconcerto por causa de uma voz?!
Ela só soube balançar a cabeça afirmativamente.
Ele deu um sorriso. Um sorriso limpo, um sorriso sincero, mas distante. Um sorriso totalmente diferente daquele que vira na ruela escura. Se sentiu mais calma, mas sua vergonha não diminuira. A van começou a andar e ela se sentia derrotada. Não conseguira nem esboçar um sorriso, nem uma palavra a viagem toda.
Ele chegou ao seu destino. Pediu licença com aquele sorriso acalmante, pra poder passar. Sua calça encostando na perna dela lhe deu uma vontade de se levantar e ficar no mesmo ponto que ele. Mas a coragem não foi suficiente. Ele saltou. Ela ficou olhando da janela. Ele também parou, e a fitou, com aqueles olhos indiferentes. Ele foi se afastando das vistas dela. A chuva aumenta. Ele vira as costas e sai andando devagar, mesmo em meio a chuva.
E ele nunca saberá o que uma menina fez pela sua voz, e nem o que ela sente e o que vai sentir ainda por muito tempo por conta daquele sorriso.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Mais ele.

Eu e minha mania de escrever sobre as pessoas ao meu redor. Mas falar sobre as pessoas que convivo é minha forma de entender meus relacionamentos, e de você, que lê o blog, saber um pouco da minha vida através de coadjuvantes tão especiais. Hoje eu vou falar de uma pessoa que entrou na minha vida há pouco, mas tão pouco tempo que eu nem tenho muito o que escrever. Sei que me faz bem, e ser melosa sobre ele nem dá certo, porque não consigo. Mas sabe aquele tipo de gente que te cativa que nem um cachorro faz? O cachorro nem tem noção do que tá fazendo direito, ele é sempre bonzinho e faz coisas que nem sabe porque faz. Se você não gosta de cachorro fica meio assim, meio com o pé atrás, mas as vezes o cachorro é tão, mas tão fofinho que você vê que o fato dele estar latindo pra você é só a forma que ele tem de se expressar. E você acaba gostando dele por isso. Depois descobre tantas outras qualidades que acaba se apegando, se apegando e quando vê já está acariciando, já tá cuidando, amando. Percebe que ele se expressa de outras formas.. Seja por uma fungada no seu ouvido, ou uma lambida na cara. Gosto de cada dia descobrir uma coisa bonita, uma coisa fofa sobre ele. Suas fraquezas, seus anseios, suas ambições [mesmo que ele diga que não as tenha], suas paixões, seus sonhos e planos. Gosto só de ver seu sorriso [ele fecha os olhos qndo sorri haha], e saber que ele gosta das minhas músicas, e ri das minhas poses e besteiras.
Um dia eu vou ter um ap com uma vitrola e vários LPs e vou lembrar da conversa de hoje [ou foi ontem], e vou rir, lembrando desse bocó que entrou de para-quedas na minha vida. E vou saber que ele, em algum lugar do mundo vai estar no dele, comendo pizza e ouvindo o mesmo disco.
O post é pouco, mas é de coração. É um prazer escrever sobre/para você, bocó.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Meu solilóquio.

Ela gosta de listas. Sim, listas. Acho que é a sua forma de escrever sem responsabilidade com o nexo. Mas as listas dela quase sempre fazem sentido. Gosto quando ela usa essas listas para me definir ou definir algo que sentimos uma pela outra. Porque é assim que os sentimentos se misturam e surgem na mente, pelo menos pra mim. Gosto com ela escreve, gosto do que ela escreve, como relata as coisas de forma tão singular e coloquial. Quando termino de ler o que ela escreve eu nem sinto que acabou e sempre fico esperando mais. Gosto quando ela xinga e fala palavrão. Gosto da sua bipolaridade, quando de um segundo pro outro ela vai do 'eu amo vc' pro 'hoje não tô afim de sentimentalismo, ok bjs'. Gosto do que sou quando falo com ela, gosto da liberdade que ela me dá, tanto pra ser eu mesma, quando pra confiar plenamente nela. Eu acho muito difícil escrever sobre ela, que me deixa boa parte do tempo sem palavras, que me faz sentir tanta coisa ao mesmo tempo, tanto sentimento bom, tanta euforia e nostalgia, misturados com uma pontinha de inquietação. Queria tê-la aqui, bem pertinho de mim, mas o Fortuna não o quis. Talvez tenha sido melhor. Gosto do valor que damos à essa amizade, gosto de saber que tem alguém a km de distância de mim que se importa, e com quem eu me importo e queria estar perto. Espero ansiosa o dia que a abraçarei de novo e conversaremos sobre coisas banais, sobre amores, sobre a vida e nossas aspirações. Não que a gente não faça isso [ a gente faz e muito], mas preciso senti-la, preciso de algo tangível, um abraço, um brinde. Um dia, amiga. Um dia.
Sei que nem passamos por tudo que um amizade passa para se tornar eterna, mas sei que já passamos o suficiente pra ela ser inesquecível.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Carta.

"Não falei contigo com medo que os montes e vales que me achas caíssem aos teus pés."
[ Carta - Toranja ]



Hoje senti uma necessidade sufocante de te escrever. Não que eu tenha o quê escrever, não que eu saiba o que posso falar ou mesmo sentir. Mas essa noite lembrei de você, lembrei de todos os abraços, de todos os gestos, de todos os nãos, de todas as palavras ríspidas, de tudo que compreendi errado e o que entendi completamente certo. Lembrei de muita coisa boa também, coisas que acho que só eu vivi, no meu mundo particular que vivi com você sem você estar lá. Aquele mundo dos sonhos e fantasias em que a gente cria um personagem em cima de uma carcaça que nunca chegará aos pés dos nosso enfeites sonhadores. Não te escrevo para te fazer sentir mal ou mesmo desabafar mágoas em cima de você e do que não vivemos. Escrevo porque por melhor ou pior que tenha sido esse tão pouco tempo juntos, ficou alguma coisa dentro de mim. Algo que não consegue me deixar andar pra frente, algo que me prende, me bate toda vez que tento dar um passo em direção à novos relacionamentos e sentimentos. Mas sabe o que eu finalmente pude aceitar? A culpa não foi sua. Como falei, criei um ideal, vivi num mundo à parte da realidade e foi difícil, está sendo difícil sair dele. Porque nos meus sonhos você ainda é tão real e tão puro e intocado como sempre foi. Ainda é o meu ideal, ainda é minha aspiração, meu desejo. Não, não tenho vergonha de dizer isso. Me envergonhar disso é me envergonhar da minha habilidade de criação, de fantasia. Porque no fundo você nunca passou disso. Uma ilusão, um ideal criado por mim e pelo que eu achei que poderia vir a ser nós dois.
Sei que não deu certo. Sei que nunca vai dar certo. E parece que falando isso diretamente eu me entendo melhor, compreendo melhor essa coisa tão confusa que eu vivo, que eu almejo ainda. Foi bom enquanto durou, vai ser bom enquanto não durar mais. Se te escrevo, não é por esperança, é por alívio e tristeza. Mas é uma tristeza boa, aquela que você pensa e dá aquela risadinha amarela meio de lado, saca?
Pois é. Assim que faço quando lembro de você e de tudo que não fomos.