segunda-feira, 1 de novembro de 2010

batidas.

Ela ouviu o som da porta. Uma batida seca que estremeceu todos os cantos do seu corpo. Ela se sentiu triste, mas lá no fundo aliviada. Foram muitas noites de batidas. Gritos. Choros. Desespero. Ameaças. Em algum momento ela achou que não viveria sem aquilo. Em alguma parte da sua vida infeliz ela sabia que o bater da porta voltaria outra vez. Outra vez. Outra. Mais uma. Já se tornara musica para seus ouvidos.
Mas aquela noite era diferente. Ela sentia diferente. Ali, na cama, abraçada ao travesseiro ela sabia que alguma coisa era definitiva. Sabia que a sinfonia intrínseca daquela entrada, que hoje se tornou -definitivamente- uma saída, estava no seu fim. As promessas finalmente foram cumpridas.
Foi quando relaxou seu corpo, foi quando finalmente se sentiu de volta. Sentia cada parte do seu corpo relaxar. Não haviam mais lágrimas, apenas um sorriso, que pensou ter perdido há muito tempo atrás. Estava livre. A porta nunca mais bateria. Sim, porque quando menos percebeu estava de pé, com as chaves nas mãos. Nunca mais bateriam sua porta. Porque ela nunca mais a abriria novamente.

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