terça-feira, 19 de dezembro de 2017

Estrangeiro


Não sei dizer ao certo o que nele realmente chamou minha atenção. Seria o seu rosto tão ordinário quanto centenas outros que eu já tenha mirado? Ou seria seu tom de pele pálido e sem sal, combinando perfeitamente com seus olhos castanho vulgar? E o sorriso quase falso, pretensioso e insolente que destila a todos por onde passa, seria essa minha fonte de fascinação? Talvez a resposta esteja no seu jeito altivo, de menino criado em ilusões de grandeza, de estrangeiro em terras não tão distantes, mas longe o suficiente para se fazer único em meio a muitos. Gosto como se ilude sem nem perceber que apenas você e alguns poucos acreditam no conceito idealizado para e sobre você. O que me deslumbra é me fazer pensar que exista frivolidade em um nível tão magnânimo. É o atrevimento, a audácia e ao mesmo tempo, a ingenuidade. É como me faz sentir: como um povo prestes a ser colonizado, que aceita qualquer quinquilharia em troca de seus bens preciosos. É a admiração ao estrangeiro, ao modo como fala, como age e como se comporta. E, assim, minhas terras vão sendo conquistadas pouco a pouco, enquanto me divirto em seus jogos, em sua utopia megalomaníaca que cega meu intelecto quase que por completo. 

(...)

2 comentários:

  1. Senhora... isto é genial... e sim, como gosta de um homem palestrinha, doida pra ser conduzida pelas águas da vida viu

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Agora já podem massacrar/elogiar/desdenhar.