segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Persona.

Ah, o personagem
Bicho solto, escondido entre letras
Se apresenta, te cutuca
Vai embora
Se deu pra conhecer, bom
Se não deu, o que fazer?
Deixa ele de lado, num canto
Quieto
Quando a armadilha está pronta
Dá-se o bote
Pergunta-se-lhe o nome
Decifra-o todo
E o usa
E desusa
E o guarda para contato futuro
Ah o personagem
Bicho sofredor, perdido entre frases
Quem será ele?
Ana, Vitor, João ou Maria
Nasce quando nos deparamos
com seus encantos e poesias
Vive como parte de nós
E morre, como tudo
Junto com a memória.

Embriaguez

Um tanto zonza pelo sono (ou seria pela alto teor etílico que ainda permeava minhas veias?) tento levantar da cama. Uma dor que se inicia na boca do estômago e vai até o topo de minha cabeça começa a martelar. Um ritmo descompassado, embriagado, sonolento. A gravidade de Newton faz um sentido enorme agora. Meu corpo luta para ficar ali e então sucumbo a seu desejo. Minha mente começa a formar cenas embaçadas, a juntar pedaços e a criar uma história. Vejo uma menina, prestes a florescer, mais ainda no auge da inocência de seus 10 anos. Ela está sentada no colo de um homem sombrio, com um sorriso maldoso de canto de boca. A menina parece não entender bem o significado deste olhar, mas as outras pessoas em volta sim. Ouve a voz de sua tia, chamando-a com veemência. Por se demorar, ela vem ao encontro da menina e a arranca à força. A dor toma conta daquele braço infantil e desperto agora do meu estado sonolento, sentindo a dor que antes fora no membro superior agora em minha cabeça. Ali, naquela cama, em um estado quase vegetativo, sinto meu coração um pouco mais acelerado. É a embriaguez, que agora me leva aos meus 16 anos, já mulher feita, precocemente. Talvez isso tenha uma forte ligação com aquela primeira memória, mas não quero pensar nisso agora. Finalmente crio coragem e me levanto fraca e deprimida. Pelo estado bêbada, pelo estado melancólica. Quero apenas sair daquela cama, abarrotada de lembranças doloridas, de um passado que tento ao máximo esquecer. Agora, ali, em pé, percebo que o álcool não mata lembranças. Só disfarça, só tenta remediar algo irremediável. Não há cura para o passado. Agora só quero mesmo é curar esta ressaca.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O Amor - Carlos Drummond de Andrade


Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção. Pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e neste momento houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante e os olhos encherem d'água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente divino: o amor.
Se um dia tiver que pedir perdão um ao outro por algum motivo e em troca receber um abraço, um sorriso, um afago nos cabelos e os gestos valerem mais que mil palavras, entregue-se: vocês foram feitos um pro outro.
Se por algum motivo você estiver triste, se a vida te deu uma rasteira e a outra pessoa sofrer o seu sofrimento, chorar as suas lágrimas e enxugá-las com ternura, que coisa maravilhosa: você poderá contar com ela em qualquer momento de sua vida.
Se você conseguir em pensamento sentir o cheiro da pessoa como se ela estivesse ali do seu lado... se você achar a pessoa maravilhosamente linda, mesmo ela estando de pijamas velhos, chinelos de dedo e cabelos emaranhados...
Se você não consegue trabalhar direito o dia todo, ansioso pelo encontro que está marcado para a noite... se você não consegue imaginar, de maneira nenhuma, um futuro sem a pessoa ao seu lado...
Se você tiver a certeza que vai ver a pessoa envelhecendo e, mesmo assim, tiver a convicção que vai continuar sendo louco por ela... se você preferir morrer antes de ver a outra partindo: é o amor que chegou na sua vida. É uma dádiva.
Muitas pessoas apaixonam-se muitas vezes na vida, mas poucas amam ou encontram um amor verdadeiro. Ou às vezes encontram e por não prestarem atenção nesses sinais, deixam o amor passar, sem deixá-lo acontecer verdadeiramente.
É o livre-arbítrio. Por isso preste atenção nos sinais, não deixe que as loucuras do dia a dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: o amor.


~Porque eu precisava postar esse texto, que hoje faz tanto sentido pra mim.~

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Teorias.




"O Sol já começara a se pôr, assim como minha história com Sandro. Talvez já tivesse terminado há tempos, como ele mesmo insistia em dizer tantas e tantas vezes. Mas ali, sentados naquela areia, que começava a esfriar, o tempo parecia ter parado. O Sol, que antes era uma enorme bola de fogo, agora já era engolido pelo horizonte. Tento não chorar, e embargada de lágrimas e sentimentos, peço um beijo. O último. Receoso pelo que poderia significar, Sandro exita. O beijo assim mesmo. O último. O primeiro de uma nova vida. O adeus. O boa sorte. Me levanto e vou andando em direção à orla, mas ainda dá tempo de olhar para trás e ver aquela figura sentada diante do infinito. Aquela pessoa que já há muito não conhecia. A que se foi. Junto com o Sol."

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Das idas.

Eu vou deixando aqui
o meu adeus
Deixando uma parte
da parte
mais bonita que tenho
Deixo sorrisos
Deixo alegria
Deixo paz
Vou assim
deixando...
pelo caminho...
Para ver se um dia
eu volto
E essa estrada esteja
iluminada
das memórias boas
dos bons desejos
E que a saudade
não obscureça
o reencontro

domingo, 28 de agosto de 2011

À uma estranha amizade.

Às vezes a vontade de dizer o que sinto é incrivelmente angustiante. Ontem eu te vi, mas você não era o mesmo. Senti como se tudo estivesse mudado e como se no fundo da sua alma houvesse alguém gritando por socorro. Ou seria a minha alma gritando pelo bem da sua? Não sei definir. Ontem seu olhar não era o mesmo. Seus lábios sorriam, um sorriso nervoso, mas seus olhos demonstravam terrível tristeza. Senti vontade de te abraçar, de te embalar e dizer que tudo vai ficar bem. Mas as convenções... Ah, as convenções não permitem. Como demonstrar um amor sem ser engolido por elas? Meu amor é tão puro e limpo, como se você fosse parte de mim, uma parte que me sinto compelida a cuidar. Provavelmente você nunca saberá disso. Mas eu vou estar aqui, sempre e sempre. Com os mesmos sentimentos, com o mesmo carinho e cuidado. Só esperando o momento em que você vai estender a mão e me pedir para segurá-la.

sábado, 27 de agosto de 2011

Solidão Musical

Não há quem entenda
A alma que nasceu
para sofrer
Não há compreensão
Quando qualquer forma de arte
É sua maior expressão
É dilema, é dor
É saudade, desejo
Ambição

É querer o que já se tem
E perder o que não virá
É olhar para si
E se achar além
Procurar, nunca encontrar
Sentir sem esperar
Viver sem almejar
Musicar
Partir
E nada deixar.

segunda-feira, 4 de abril de 2011


It's not hard to fall when you float like a cannonbal.






quinta-feira, 17 de março de 2011

Há de se perder.




Paciência.










Das nostalgias.

Fora louca, saboreando os prazeres da vida.
Intensa se falasse do que não lhe bastava.
Era alegre quando infantil.
Boba em busca de um afago.
Não se prendia, se perdia.
Viva, altiva...

Fugaz.

quinta-feira, 3 de março de 2011

E quando a gente pensa que é pra sempre?


Não, esse não é um post sobre amores, namorados, relacionamentos amorosos que não deram certo. Não vou falar sobre fantasias e suas desilusões. Tudo bem que até faz meu tipo escrever sobre isso, mas hoje eu não tô a fim, ok?

Hoje eu tava relendo artigos aqui do blog, saudosa de uma época em que tudo era rmotivo de brimks, cada post era super pessoal tentando ser impessoal através de humor e coisas do tipo. E eu tinha tantos seguidores fiéis que liam cada besteira que eu escrevia! Bom, ainda não é sobre isso que quero falar. Tô quase chegando no ponto que quero abordar.


Sabe épocas de sua vida, que são tão boas (ou no momento parecem ser), que você nunca acha que vai terminar? Sabe aquele amigo que você pensa 'porra, vou levar fulano PRA VIDA, muito sério'? E você se apaixona por pessoas, por momentos, por palavras e pensamentos, por lugares, cores e formas. E tudo ali é perfeito, nunca vai acabar. E se faz promessas, e se acredita em promessas. É o nosso mundinho verde inatingível.

Mas aí um dia você acorda e vê que não é mais nada daquilo. Aquela amizade já esfriou, aquela paixonite não tem mais graça, você descobre que nada daquilo era perfeito. Às vezes até sente que foi tempo jogado fora. E quando você lembra, nada passa de só uma lembrança. Não chega a ser uma desilusão, e sim uma constatação: Acabou, passou da validade. Deu o que tinha que dar. E ponto. Sei lá, não me sinto uma pessoa ruim por pensar e passar por isso quase sempre. Nem por tratar o assunto tão friamente desse jeito. É humano, certo? Acho que a Lei do uso e desuso também prevalece, vai saber. Todos os dias nos vemos descartando amizades/amores/pessoas da nossa vida, vai dizer que não?
Mas é claro que isso não acontece só comigo, você que ta lendo com certeza se identificou menos ou mais com isso. E com certeza passou ou passa por esse tipo de questionamento.
O fato é: NADA é pra sempre e quanto mais cedo nos dermos conta disso, menos nos machucaremos e mais rápido riremos desse tipo de 'desgraça'.
AUTOAJUDAOIQ/



Sacanagem, não queria um post down, mas acho que ficou.

Enfim, dane-se =)