Um dia percebeu o quanto era diferente dos demais. Pensava de outro jeito, sonhava outras coisas, ansiava por algo maior e não comum. Mas ao invés de seguir seu próprio caminho, se deixou levar por essa vida estranha, por pessoas que não compartilhavam seu mundo. Não entendia porque pensavam tão diferente, como se contentavam com tão pouco, como se conformavam com o menos.Começou a pensar que havia algo errado com si mesmo. Tentou se encaixar, mas isso só trouxe frustração. Foi motivo de chacota, digno de pena, de desprezo. Resolveu fugir. Foi chamado de covarde. Talvez fosse mesmo, mas não pelo fato de fugir, mas de fugir de si próprio.Correu o quanto pôde, o quanto suas pernas aguentaram. Caiu. Chorou. Chorou pela sua vida inteira. Por nunca tê-la vivido plenamente, por ter estado em cima do muro esse tempo todo. Por não ter sofrido muito, nem gozado muito.Sua vida não tem sentido algum agora. Pensando bem, nunca teve. Sempre viveu para agradar pessoas que nunca o agradaram, pessoas que nunca sentiram e nunca sentirão sua falta.Está sozinho agora e a noite chega devagar como se não se importasse com sua vontade de se esconder do mundo e de si mesmo. A noite está fria e ele sangra. Não só por aqueles cortes que as pedras e os galhos fizeram em seu corpo. Sua alma sangra, seu orgulho, seu coração. Viver não faz mais tanto sentido. Algum dia fez?Olha para o abismo à sua frente. Tão convidativo, tão simpático, como nunca alguém fora antes com ele nesses últimos anos. Toma uma decisão. A última de sua vida. Se entrega aos braços daquele novo amigo, talvez o único sincero que já tivera. Sente o vento bater em seu rosto, relembra sua vida e não se arrepende de sua decisão. Quem sabe um dia volte em uma nova forma e não cometa os mesmo erros de agora. Sente um alívio indescritível e sorri. O primeiro sorriso sincero e feliz de uma vida frustrada, que dá seu último passo na esperança de algo melhor.
Tão triste e tão lindo ao mesmo tempo. A identificação veio pra mim, como foi e virá pra muita gente, não tão intenso e sincero. Porque as coisas mudam sem deixar de serem elas mesmas, mas o movimento trás outra perspectiva, outra óptica.
ResponderExcluirNos sentimos assim às vezes. Às vezes. Não todas as pessoas, claro, só as que pensam e sentem. Porque entender as coisas é muito bom e muito dolorido ao mesmo tempo.
amovocê.
tráz*, desculpa, sono, 05:41 da manhã e bah.
ResponderExcluirA fascinação se refaz a cada leitura,um pouco é claro pela identificação passional
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