Antes de tudo éramos certeza. Hoje somos sombra de dúvida, desconhecidos como náufragos bebendo água do mar e tendo ilusões que juram ser verdadeiras. Éramos imagem real, agora, meros reflexos em um espelho trincado por algum objeto atirado. Caleidoscópios de nós mesmos, destituídos de sentido e razão.
Onde antes pensava plantar amor, hoje colho mentiras, dia após dia, em uma cadência melancólica e fúnebre. Seus olhos cor de mar me riem, mas é meu coração que insiste em chorar. Chora pela possibilidade que insistimos em desperdiçar, pelos outros com quem tropeçamos pelo caminho, que desviam nossa atenção e por tantas outras antes de mim que talvez façam bem mais sentido em seu mundo inventado.
E eu, em cima dessa pedra fico, contemplando sua embarcação, que já segue ao longe. Espremendo meus olhos eu até consigo enxergar, nublado e já quase irreconhecível, seu rosto.
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quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018
Náufrago
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O mar...
ResponderExcluirO mar nos remete ao desconhecido e aquelas coisas que estão fora do nosso alcance. Vislubrar que nos perdemos nesse mar é, de certa forma, reconhecer que naufragamos em nosso medo do desconhecido...
O mar torna-se navegavel a medida que tomamos o controle das velas e conseguimos aos poucos domar os ventos ao nosso controle e, consequentemente, domar a violência das correntes que nos sacodem tão violentamente. Nos tornamos fortes, consequentemente...
Que ótimo complemento! Em tempo: morro de medo de mar, e como tudo que tenha esse arquétipo, não sei lidar tão bem rs
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