Pronto. É a hora da verdade. Se eu digo sim, vou estar presa a uma só
pessoa pro resto da minha vida. Cara, a mesma pessoa pro resto da vida! E se eu
disser não? Porra, já se passaram seis anos. SEIS anos. Tenho nem desculpa pra
dizer não. Tá, vou dizer sim, vamos nos abraçar, ele vai chorar (como sempre) e
tudo vai ficar bem. Mano, olha pra cara dele! Isso é bem mais que um pedido de
casamento, é um ato de desespero! Calma, relaxa. Pensa nas coisas boas. Pensa
em como ele adora tudo o que você fala. Em como ele te olha como se fosse a
pessoa mais inteligente do mundo. Meu Deus, o que será que ele tem na cabeça?
Eu? Eu pesquiso poemas no google pra recitar! Acho que nem tenho um livro
decente de algum poeta renomado. E ele acha que eu sou a pessoa mais poética
que ele conhece! Não, não. Vai dar certo sim. Será? Ele tem aquela coisa de
gesticular como um louco pra contar qualquer coisa. Nossa, como isso me irrita!
Se eu não odiasse tanto passar vergonha talvez eu estivesse nem aí pra isso,
mas ele precisa mesmo ser tão escandaloso? Mas olha a grossura desse anel...
Minhas amigas encalhadas ficariam com a maior inveja. Ah, sim... Se eu aceitar
a primeira foto pro instagram vai ser desse anel. Porque tanta dúvida? (eu
sabia que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde) Tá, mas nunca é algo
para o qual se está realmente preparada. Ok. Vamos lá. Essa cena tá ficando
embaraçosa e já tá enchendo de curiosos pra olhar. Mas porra, pedir alguém em
casamento em plena praça de alimentação do shopping? É merecer ficar aí
esperando, só pra passar vergonha mesmo. Tá bom, tá bom... eu o amo.
Definitivamente o amo. Vamos logo terminar com isso.
- Ai, meu Deus! Claro que eu
aceito!!
[Trabalho apresentado à matéria Oficina de texto narrativo sobre a proposta de Fluxo de Consciência]
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