Escrevo hoje para acalmar minha alma partida. Pra tentar colocar de vez na cabeça que tudo o que acontece tem um propósito. Mas tenho andado cética quanto ao Destino. Logo eu que, que acreditava piamente na Fortuna e sua sabedoria eterna. Hoje sou apenas dúvidas. O que falar? Como agir? Como lidar com as consequências e com a enxurrada de sentimentos que borbulham dentro do meu peito?
Sei que agi certo em sair de cima desse muro, mas a queda lá de cima ainda dói em meus frágeis ossos. Do lado de cá, apesar da dor, tá tudo bem. Ainda tem muita coisa a ser arrumada, conversada e concordada, mas estamos indo bem.
É chato esse muro entre nós. Ouço sua voz e seus passos desse lado daí, mas já não reconheço mais o que é voce, o que pode ser os outros. Seu cheiro ainda dorme em mim, mas sabemos que memórias passam, minha raposa.
Sei que tudo vai passar, eventualmente. Estaremos então mais maduros para lidar com tudo. Mas por enquanto, guarde uma canção em sua garganta rouca. Guarde um acorde em seus dedos já tão destreinados. Pense em mim quando ouvir aquela canção boba sobre o medo. Guarde um sonho bom para nós dois.