domingo, 4 de dezembro de 2016

Não quero muito, apenas tudo. Tudo que seja etéreo, todo espiritual e incorpóreo que possa me oferecer. Não quero mãos dadas, quero almas dançantes em meio a um infinito vazio de si mesmo e de nós. Me importa muito mais o querer do que o ser, me importo com o desejo, a veemência, o assombro. Não, meu amor, não quero sua carne. Que ela seja dada aos animais, que creem apenas como Tomé e amam com o toque pesado dos sentidos físicos! Deixe-os com a frívola sensação de estarem vivos, com a esperança de que o toque suprima seus vazios materiais. A mim, meu amado, não importa a fugaz sensação do abraço ou o breve gozo de um beijo. Não, mas deixa-me com os lábios que argumentam a metafísica das coisas, com as mãos que criaram arte e poesia, com os olhos que podem me despir em segundos e o prazer que apenas o transcendente pode oferecer. Dê a ela o que a existência precisa para fazer-se tanger, mas a mim, meu bem, dá-me tudo e dá-me o nada. 

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Agora já podem massacrar/elogiar/desdenhar.